IARA - Coleção Feminina de Vestidos Aryadna Kimmel

O projeto aqui proposto conta com uma pesquisa centrada principalmente nas características da lenda folclórica denominada Iara, a fim de gerar com esta uma coleção de moda para o mercado do vestuário. Portanto, o corpo total do projeto sustenta uma breve pesquisa em torno do movimento folclórico brasileiro, com foco na lenda Iara, expondo os efeitos gerados por essa lenda, buscando se apropriar de pontos que contribuam para a construção do conceito da coleção. As abordagens do tema interligam o setor da moda à cultura brasileira utilizando uma linha de comunicação que atinge conceitos que norteiam as justificativas da escolha do tema relacionando com o público que se pretende atingir.
Sendo assim, estima-se que este projeto possa contribuir para uma interpretação que levanta pontos referentes à cultura e à moda, através de um movimento cultural rico, sobretudo quando se trata do uso deste, como uma alternativa a novos olhares, novas sensações e conceitos.
Elucida-se que estes conceitos se referem ao objetivo geral em alusão a coleção, especificando que há uma utilização de ferramentas e argumentos construtivos do tema, a fim de construir uma classificação de moda baseada em assuntos preexistentes de maneira que estes venham a interagir somando uma rede de repercussões que sustente a lógica dessa nova proposta, de maneira a determinar uma direção ao uso de características de forma menos óbvia, ou seja, buscando mais a utilização de sensações do que de formas físicas, propriamente ditas.

O Tema

Como inspiração para a construção da proposta coleção, foi escolhido como tema a lenda folclórica da Iara, presente nos contos da cultura do folclore amazônico brasileiro.
Concilia-se uma apropriação dos conceitos de Luís Câmara Cascudo em sua obra "Dicionário do Folclore Brasileiro" onde Cascudo (2001) denota o folclore como a cultura do popular.
Por sua vez, a lenda é definida por Cascudo (2001) como sendo um episódio heróico ou sentimental como elemento maravilhoso ou sobre-humano, transmitido e conservado na tradição oral popular, localizável no espaço e no tempo.
Portanto, a lenda da Iara se encaixa no episódio sentimental, ou seja, se trata de uma estória onde os personagens são tocados por intensas reações sentimentais. por se tratar de uma lenda, vários registros desta são encontrados com algumas especificidades, porém todos com uma mesma essência sobre o que poderia ser a Iara.
A origem da lenda provém inicilamente com uma figura masculina, O Upupiara que segundo Cascudo (2001), se tratava de uma criatura das águas, faminta e devoradora. Mas, com base em Loureiro (2001), pelo domínio cultural dos colonizadores aqui no Brasil, ocorreu um sincretismo trazendo influências das lendas européias sobre sereias ou Mouras como eram chamadas em Portugal.
Aqui a lenda possui várias denominações, Iara, Uiara, Upupiara, Oiara ou simplesmente Mãe-d'água, sereia que vive no fundo dos rios. Essa lenda é o reflexo dos sonhos e encantos caboclos, estes que se banhavam com a chuva e com as águas dos rios.
Diz a lenda que a Iara se trata de uma mulher tentadora, com um belo rosto, cabelos longos e ondulados que pelos relatos fica difícil saber se tinha uma coloração esverdiada, se era preto como o das índias brasileiras ou se era loiro como o das mulheres européias, cabelos estes que escondiam o seu busto e o seu ventre, sendo sua parte inferior uma cauda semelhante à cauda de peixe. A Iara sempre aparecia se penteando ou cantando. O seu canto e beleza eram o que atraía os homens, que quase sempre a viam com a cauda de peixe submersa. Ela os hipnotizava fazendo-os mergulhar e estes que mergulhavam jamais eram vistos, assim, na época, sempre que um homem desaparecia ou morria sem se descobrir a causa, se atribuía a fatalidade à figura da Iara.
Para os viajantes, era comum se protegerem tapando os ouvidos com medo de que a sereia pudesse desviar a rota através do seu canto ou puxar os barcos para as pedras. O canto da Iara se caracteriza com um grande poder de atração, dia a lenda que a Iara fazia promessas para convencer os homens a mergulharem com ela, promessas de uma vida de felicidade e aventura em seu palácio no fundo do rio. Os homens que se assustavam de início não conseguiam mais esquecer seu rosto e certamente não resistiriam aos encantos.
Essa lenda é caracterizada com um índice elevado de erotismo, pois, a principal ação da personagem, o mito Iara, é a sedução. Essa sedução mortal, pode ser interpretada como a vitória do animal sobre a razão humana, do irracional, fraqueza sobretudo masculina, em não conseguir dominar totalmente seus desejos carnais e extintivos.

A Coleção

Para a construção da coleção Iara, foi preciso tomar como base, além de informações sobre a lenda que a inspira, pontos que norteiam o processo criativo de construção de uma coleção. Se tratando do seguimento industrial, referimos à coleção de moda que para Treptow (2003), precisa ser coerente entre o perfil do consumidor, a identidade da marca, tema da coleção e proposta de cores e materiais. Podemos identificar uma coleção pela coerência desses aspectos. Produtos que não se interligam, não podem ser considerados parte de uma mesma coleção.
A proposta a ser aqui apresentada, toma essa lenda como principal objeto de inspiração, que empresta algumas das suas características e conceitos para a construção e desenvolvimento da coleção.
Além das características, sabemos que o processo de origem de uma lenda parte do princípio de fantasias, sonhos, desejos das pessoas de viver o irreal, algo diferente do mundo que vivemos com todas suas peculiaridades, problemas, etc.
Definindo o conceito da coleção em três palavras, pode-se dizer identificar a feminilidade , a sensualidade e a distinção. Dentro da esolha do público-alvo, é possível entender que abrange a quem procura estes conceitos, mulhers que procuram se diferenciar sendo femininas e atraentes de maneira natural e delicada. A coleção tem um aspecto mais formal, as roupas são para um seguimento mais sport fino que são utilizadas para ocasões noturnas de menos formalidade ou as diurnas mais formais, buscando ter modelos que se adere a diferentes ocasiões. Estação Verão 2010.

Materiais - Como base principal para a construção de toda a coleção foi escolhido o tecido cetim com elastano, com a variação de lisos (74% poliéster, 22% poliamida, 4% elastano). A escolha deste tecido foi feita pela fluidez, leveza e caimento que ajudam a transmitir a atmosfera do tema inspirador, representando em sua textura a maleabilidade das águas e em suas estampas, a natureza remetendo-se à flora amazônica. Além dos tecidos, materias como pedrinhas decorativas entraram como detalhes representativos dos rios que contém sempre muitas pedras.

Formas e estruturas - Cada modelo tem significados diferentes que remetem ao tema, porém uma característica presente em toda a coleção está na modelagem do decote tomara-que-caia que interpreta a nudez do colo feminino, já que a Iara tinha seu busto totalmente descoberto, protegido apenas pelos cabelos compridos que é o motivo do comprimento longo de duas das peças.
Toda a coleção é composta por vestidos, peça exclusiva do guarda-roupa feminino, apropriado justamente para a representação da feminilidade proposta pelo conceito da coleçção, que possui modelos fluidos, soltos e com volumes, dando a idéias de suavidade e delicadeza, além de modelos justos que dão um toque de sensualidade, com detalhes de drapeados representando as escamas de peixe e modelos referentes à modelagem do corte sereia, que é um clássico.

Cartela de Cores - A coleção tem como base principal de cores o preto e o tom de pérola, que entram para interpretar um parâmetro de constraste da natureza entre o claro e o escuro, entre o dia e a noite já que o dia revelava toda a beleza da Iara mas a noite a tornava totalmente sensual e erótica. As outras cores aparecem sucintamente como o Azul Royal e o Rosa Cereja nas flores das estampas que possuem pequenos detalhes em Verde-água e Laranja.

Plano de Coleção - Miniatura dos Croquís:
croquisiara
croquisiara2

Imagens das Peças:
vestido1
vestido2

Referências:

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 11 ed. - edição ilustrada - São Paulo: Global, 2001.
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura Amazônica: uma poética do imaginário. 1ed. São Paulo: Escrituras Editora e Distribuidora de Livors Ltda, 2001. v.1 437p.
SANTOS, Theobaldo Miranda. Nossas Lendas. 9ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1967. 124p.
TREPTOW, Doris. Moda e Coleção in: Inventando Moda: Planejamento de Coleção. 2ed. Blumenau: Empório do Livro, 2003.

Eletrônicas: http://www.recantosdasletras.uol.com.br/artigos/1270815 publicado em 07/11/2008.

Acessórios Aryadna Kímmel Verão 2010

É até difícil identificar na história a época exata em que o ser humano começa a se preocupar com a sua aparência. É natural a necessidade de querer se ornamentar e se sentir distinto, a diversidade de culturas e a identificação delas comprova isso.
Desde antes mesmo do aparecimento da indumentária na história, os acessórios já existiam. O homem sempre sentiu a necessidade de se adornar, sendo para se sentir bem, mais bonito, ou para se distinguir de uma tribo ou classe social. Por muito tempo vários elementos da natureza serviram para fazer estes ornamentoss, como sementes, ossos, madeira e outros. Com a descoberta das pedras preciosas, ouro e metais, surgiram as jóias, claro, sempre valiosas e que foram utilizadas por muitos séculos até os tempos modernos. Porém, o tempo moderno trouxe consigo além dos progressos, também, problemas sociais que produzem a violência.
Pois bem, em decorrência destes aspectos, a bijuteria passou a ser utilizada por todas as classes sobretudo as mulheres começaram a preferí-las por oferecerem mais segurança do que as jóias, além de serem mais baratas, possuem uma gama enorme de materiais, cores e idéias, o que oferece uma variedade maior de formas, modelos e estilos.
Hoje podemos encontrar acessórios de vários tipos e sobretudo os artesanais de materiais alternativos estão tendo uma aceitação muito grande no mercado. Além destes, os materiais recicláveis e reaproveitados também têm feito a diferença já que tudo hoje deve ser pensando da melhor maneira possível, sem agressão ao meio ambiente.

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